"Esse blog foi criado com a intencionalidade de divulgar fanfics curtas sobre Michael Jackson. Alguns contos podem conter cenas de sexo: e estes estão sinalizados com a tag [+18]. Espero que nenhum deles seja mal interpretado, visto que são escritos com muito amor por uma fã que respeita o Michael em primeiro lugar. Sejam muito bem vindos e espero que se divirtam lendo os contos tanto quanto me divirto escrevendo-os. Enjoy!"

quinta-feira, 14 de março de 2013

“O dia que conheci Peter Pan”



A vida no hospital infantil não era nada fácil. É muito difícil viver com tantas dúvidas na cabeça, sem saber, por exemplo, até quando você estará vivo ou se um dia ficará bem. Os médicos sempre procuravam se mostrar otimistas e repetiam insistentemente que aquilo era apenas uma fase - e nossos pais costumavam fazer o mesmo. Não queriam que nós os víssemos chorando ou se lamentando, e se esforçavam para nos transmitir o máximo de força possível. Todos sabiam e repetiam que Deus estava ao nosso lado e jamais nos abandonaria.

Fui diagnosticada com câncer aos 11 anos de idade. O mesmo havia acontecido com a maioria dos amigos que fiz no hospital. Eu não sabia ao certo como aquela doença se desenvolvia, mas sabia que eu poderia até mesmo morrer se não tivesse um tratamento adequado. Minha mãe avisou-me que seriam tempos difíceis, mas eles logo ficariam para trás. Prometeram que eu iria ficar boa novamente e logo poderia voltar a viver como uma criança normal.


O tratamento impunha a mim uma rotina dolorosa, mas acabei me adaptando mais rápido do que todos esperavam. Precisei interromper o ano letivo e ir morar no hospital por um período, algo que não me deixou muito satisfeita no inicio. À medida que fui me adaptando, tive a oportunidade de conhecer pessoas muito especiais que passavam pela mesma situação que eu - e isso renovou minhas forças. O tempo demorava a passar e as dúvidas persistiam, mas todos nós tínhamos esperança e fé de que conseguiríamos vencer a doença.


Não entendi quando os remédios fizeram todo o meu cabelo cair. Mamãe disse que era normal, e em breve eles voltariam a crescer. Eu já não poderia mais amarrá-los da forma que adorava fazer, não poderia mais trançá-los ou deixá-los soltos ao vento. Combinado com a minha pele cada vez mais pálida, aquilo parecia ser o fim. Mas lembrei-me do que me disseram quando cheguei ao hospital. Tudo iria se resolver, não é mesmo? Meus cabelos voltariam a crescer, minha pele logo teria novamente sua cor normal, e, o mais importante, eu voltaria a ser uma menina saudável. Não precisaria mais ter medo de morrer. Eu tinha uma vida inteira pela frente.


Certo dia nos disseram que iríamos receber uma visita especial. Todos nós ficamos muito animados com isso. Era muito bom quando recebíamos visitas. Nossos pais estavam muito felizes por nós, mas fizeram um grande mistério. Sempre que perguntávamos, eles repetiam a mesma frase: “Não vamos estragar a surpresa”, e abriam um enorme sorriso.


No dia da misteriosa visita, todas as crianças se reuniram na sala brinquedos, completamente ansiosas, tentando descobrir quem estava ali para nos ver. Esperamos por um tempinho, nos esforçando para arrancar alguma informação dos médicos ou das enfermeiras. Tentamos adivinhar quem era, mas nem em nossos mais fantasiosos pensamentos poderíamos imaginar que o visitante misterioso era Michael Jackson.


Quando ele surgiu na porta, todos nós ficamos paralisados. Sabíamos que ele era um grande cantor e estava no nosso país para fazer alguns shows da sua mundialmente conhecida turnê. Ele deveria estar tão ocupado, e mesmo assim tivera tempo de ir nos visitar. Éramos tão especiais assim? Podíamos ver em seus olhos que ele realmente se importava conosco.


Ele sorriu e caminhou em nossa direção. Sentou-se em uma das poltronas e nos chamou para perto dele. Abraçou cada um de nós calorosamente e disse que estava muito feliz em nos conhecer. Todos nós nos sentimos maravilhosamente bem ao seu lado. Ele era tão gentil, educado e amoroso. Era muito engraçado também. Arrancava de nós os sorrisos mais fáceis e sinceros do mundo.


Logo após perguntar o nome de cada um de nós, ele perguntou se gostaríamos de ouvir uma história. Todos respondemos um animado “sim” e o observamos atentamente enquanto ele abria um pequeno livro de contos infantis.


- Vou contar para vocês a história de Peter Pan – Michael disse, tão animado quanto nós. – Algum de vocês já a conhece?

- Não – respondemos em coro. A maioria das meninas conhecia apenas histórias sobre princesas, e os meninos sobre super heróis.


Ele riu.


- Então vamos lá, pessoal. Preparem-se – murmurou, em êxtase. Olhou a primeira página. - Todas as crianças crescem. – Seus olhos voltaram-se para nós. - Peter Pan não. Ele mora na Terra do Nunca e junto com a fada Sininho foi visitar seus amigos: Wendy, João e Miguel e Naná.


“Peter levou-os para conhecer a Terra do Nunca. Com a mágica de sininho eles saíram voando. Avistaram o barco pirata, a aldeia dos índios e a morada dos meninos perdidos.”


Todos nós nos entreolhamos, completamente encantados.


- O Capitão Gancho viu Peter Pan e seus amigos voando e resolveu atacá-los – ele disse, fazendo uma expressão de pesar. - Peter Pan salvou Wendy antes que ela caísse no chão.


Todos nós respiramos aliviados.


- Os meninos perdidos moravam dentro de uma árvore oca – continuou ele. - Wendy contou lindas histórias para eles. Ela gostou muito dos meninos.


“Um dia o Capitão Gancho raptou a Princesa dos índios. Mas Peter Pan apareceu para libertá-la. O Capitão Gancho fugiu... – Michael riu para nós - e o crocodilo Tic-Tac quase o engoliu. – Suspirou. - Mas ele escapou.”


 “O Capitão Gancho não desistiu. Desta vez capturou os meninos perdidos. Levou-os para o barco pirata, de lá eles seriam jogados no mar”.


Puxamos o ar e arregalamos os olhos.


Michael sorriu.


 - Mas Peter Pan veio salvou seus amigos. Lutou com Gancho e o derrubou.


- Uau... Ele é muito corajoso – um dos meus amigos comentou.


- Demais – acrescentou outro.


- Muito mesmo – eu disse.


- De volta ao lar, Wendy pediu que Peter Pan ficasse com eles – Michael murmurou. - Peter Pan disse não.


Encaramos Michael, cobertos de dúvida.


- Não? – perguntamos, todos juntos.


Michael balançou a cabeça negativamente e riu para nós, fechando o livro.


- Ele preferiu a Terra do Nunca – respondeu. - Assim ele nunca cresceria e poderia brincar com todas as crianças sempre.


Todos nós rimos, com os olhos brilhando. 


- Uau!!! Seria muito bom se a Terra do Nunca existisse de verdade – uma garotinha murmurou. 


Michael pediu que nos aproximássemos mais e disse que tinha um segredo para nos contar.


- Mas é claro que existe... – sussurrou baixinho. – E eu posso levar todos vocês até lá. 


Arregalamos os olhos, sorridentes. 


- Jura? – perguntei baixinho para ele.


Ele balançou a cabeça afirmativamente.


- Claro. Prometo que diversão por lá não irá faltar.


- E o Peter Pan mora lá? – um garotinho perguntou, franzindo a testa.


- Claro que mora – respondeu ele, sorrindo. – E ele nunca irá crescer, sabiam? Ele será criança para sempre.


Olhamos para Michael e o abraçamos mais uma vez. Ele era tão legal e iria nos levar até a Terra do Nunca! Enquanto nos abraçava, pude ver que seus olhos se encheram de lágrimas. Não entendi por que ele estava chorando. Estiquei minhas mãos e toquei o seu rosto suavemente, abrindo um pequeno sorriso. Passei meus dedos delicadamente pelas suas pálpebras e conti o seu choro. Ele riu para mim e beijou a minha testa, afagando o meu braço carinhosamente.


- Você irá ficar bem – ele me disse, segurando a minha mão. – Todos vocês irão.


Eu o abracei ainda mais apertado e assenti devagar. Sim, nós iríamos ficar bem. Éramos mais fortes que aquela doença. A batalha seria dura, sabíamos disso desde o começo, mas, por fim, conseguiríamos vencê-la. 


Abri um sorriso e fechei os olhos, soltando um longo suspiro: ainda sem acreditar que conheceríamos a Terra do Nunca e brincaríamos com Peter Pan!


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Esse conto possui trechos da história de Peter Pan, personagem fictício criado por J. M. Barrie.


*End - NN

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